segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tocantins aumenta produção leiteira com Programa de Melhoramento Genético


Com uma média de 280 milhões de litros de leite bovino por ano, o Tocantins é, atualmente, o terceiro maior produtor da região Norte do País. No entanto, com o Programa de Melhoramento Genético, da Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagro), esta média deve aumentar. O programa já inseminou mais de 17 mil matrizes em todo o Estado, totalizando atendimento a 548 rebanhos, e tem o objetivo de oferecer aos produtores a tecnologia da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), que tem várias vantagens em relação ao sistema convencional.

No calendário de atendimento deste semestre, já há visitas agendadas até o mês de março, onde serão visitados pecuaristas de diversos municípios, interessados em aderir ao programa e potencializar a produção de leite em suas propriedades. O cronograma é elaborado pela Coordenadoria de Fomento à Produção Animal da Seagro, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Prefeituras e Cooperativas, que realizam um pré-cadastro dos interessados em cada município e dá as orientações iniciais para que os produtores integrem o projeto.

Para o secretário da Agricultura e Pecuária, Júnior Marzola, o Melhoramento Genético é mais uma ferramenta para apoiar o pequeno produtor. “Com o aumento da produção é possível investir mais em equipamentos ou no próprio rebanho, possibilitando autonomia ao produtor rural”, frisou.

IATF

A Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF) tem várias vantagens com relação ao sistema convencional de inseminação artificial, conforme explica o veterinário da Clivar, Rodolfo Battistelli. “Na IATF, o cio dos animais é alinhado, o que facilita o trabalho do produtor e reduz o intervalo entre os partos, além de poder programar a gestação para o período das chuvas, quando há maior disposição de pasto”, diz.

Para integrar o programa de melhoramento genético, o produtor deve estar em dia com a vacinação contra a febre aftosa e também contra a brucelose. Segundo a veterinária do Departamento de Fomento à Pecuária de Leite, Arlette Mascarenhas, o Ruraltins faz o trabalho de sensibilização do produtor. “O Ruraltins faz uma pré-análise para verificar se o programa vai atender às necessidades do pecuarista e faz o agendamento junto à Seagro”, diz, ressaltando a importância da parceria entre a Seagro, o Ruraltins e as secretarias municipais de Agricultura e Pecuária e outras instituições.

Segundo Battistelli, o primeiro passo para a IATF é o diagnóstico de gestação, acompanhado do exame de brucelose. “Nas vacas que estiverem vazias, ou seja, não gestantes, fazemos a coleta do material para o exame de brucelose. Em seguida, fazemos a implantação de um hormônio no animal, que será retirado oito dias depois, com a aplicação de novos hormônios, para a indução do cio. Dois dias após a retirada do hormônio é feita a inseminação”, explica. Conforme o veterinário, também é verificado a condição corpórea do animal que, em uma escala de 1 a 5, em que 1 é muito magro e 5 é muito gordo, deve estar entre 2,5 e 3.

Produção

O produtor Clarismar da Silva Souza, de Pium, começou a produzir leite há cerca de dois anos, e tem um rebanho de 150 cabeças, das quais 70 são vacas. “A produção da fazenda é de cerca de quatro litros por cabeça ao dia, e a intenção é que a gente consiga aumentar essa quantidade”, diz ele, que espera ver seu rebanho inseminado pela primeira vez este ano.

Segundo Arlette, a tendência é que, já na primeira geração, a produção aumente em 50%, chegando a 6 litros por cabeça ao dia. “Isso para nós já é muito bom, porque vou poder investir em equipamentos, e passar a vender para laticínios também”, diz Souza, que atualmente utiliza o leite apenas para produção de queijo.

Já o pecuarista Iraci Luiz dos Santos, de Aparecida do Rio Negro, que participa do Programa de Melhoramento Genético há seis anos, já vê um crescimento satisfatório da produção. “Antes, com 30 vacas eu tirava 20 litros de leite por dia. Hoje, de 22, a produção é de 290 litros por dia”, comemora, acrescentando que, com o aumento da renda, será possível investir em equipamentos. “Estamos reunindo um grupo de produtores para adquirir as máquinas para pasteurização, para podermos vender diretamente para o comércio nossa produção, e ter uma rentabilidade ainda maior”, afirma.

Investimento

Para o produtor, o único custo é com o exame de brucelose e com o sêmen a ser implantado nas matrizes. “O custo deste exame é de R$ 10 por cabeça, enquanto o sêmen custa em torno de R$ 20”, conta Arlette, adicionando que todas as outras despesas são custeadas pela Seagro.

O índice de sucesso das inseminações é de cerca de 47%. Segundo a veterinária da Seagro, o crescimento passa a ser visível em longo prazo. “Da segunda para a terceira geração é que o resultado começa a ser efetivo. No entanto, a produção de leite da primeira geração já aumenta em torno de 50% com relação ao gado sem o melhoramento”, pontua.


Fonte: Sec. Agricultura de TO

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