terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Rastreabilidade Bovina uma oportunidade à vista


Para o Estado detentor do maior rebanho bovino a pasto do Brasil, o reconhecimento vem quando obtém os melhores mercados. Para isso, os pecuaristas fazem um longo trabalho, com alto investimento e sem dúvidas muita tecnologia. Atualmente estamos presenciando algumas oportunidades no horizonte, como a “reabertura” das exportações para a Rússia e a série de auditorias e inspeções que o quadro técnico do Escritório de Alimentação e Veterinária da União Europeia (UE) faz por alguns estados do Brasil para avaliar as condições técnicas e sanitárias do rebanho, das propriedades rurais e dos frigoríficos habilitados.

E Mato Grosso não vai ficar de fora. Nem poderia, pois possui o maior rebanho a pasto, rebanho este que possui um excelente quadro sanitário, que está em propriedades cada vez mais tecnificadas, conta com funcionários qualificados e com plantas frigoríficas altamente capacitadas. E como todos nós sabemos, a União Europeia reúne os países mais exigentes e consequentemente possui uma melhor remuneração dentro de todos os mercados. Mas quais são os critérios e o que é avaliado e inspecionado durante essas auditorias?

Primeiramente, a sanidade do rebanho. Nem a Europa e nem nós queremos nos alimentar de uma carne que coloque nossa saúde em ‘risco’, isso engloba a questão de doenças e resíduos de medicamentos veterinários na carne. Outra parte muito importante e atualmente a que impõe restrições às exportações para UE é a questão da rastreabilidade, que é a identificação que cada animal recebe por meio de um brinco.


Este método permite identificar a procedência dos cortes de carne. Por exemplo, na sala da ‘desossa’ da indústria frigorífica são identificados quais cortes são de um lote que foi abatido em determinado dia e é referente aos animais de determinada propriedade que são oriundos de um município especificado. Este serviço é muito importante para que o consumidor tenha acesso a essas informações, isto é um diferencial que a UE exige e paga para ter.

O órgão responsável para identificar e certificar a rastreabilidade é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio do Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos, conhecido como Sisbov, que é realizado em parceria com o serviço estadual de Defesa Agropecuária. Um “gargalo” identificado na rastreabilidade é a baixa remuneração que o pecuarista recebe, pois precisa investir nas estruturas da propriedade, capacitação dos funcionários, protocolo de sanidade para os animais, custo para rastreabilidade, terminar os animais mais jovens, entre outros custos para receber uma remuneração que muitas vezes não cobre esses gastos, ficando evidente que a indústria frigorífica não valoriza com um preço justo para que o pecuarista possa produzir esses animais.

Nas fazendas habilitadas, um importante ponto vistoriado e avaliado é a forma como é realizado o manejo pelos vaqueiros. Está sendo cada vez mais visível nas propriedades rurais o manejo racional, que é em prol do bem-estar dos animais. Construções de currais antiestresse, tronco de contenção, embarcadores, utilização de “bandeirinhas” para manejar o gado são ações que favorecem realizar um manejo de forma calma/organizada e que resulta em ações que não comprometam o bem-estar dos animais.

Na indústria o manejo pré-abate também é avaliado, a forma de conduzir os animais, a utilização do uso do bastão de choque elétrico durante o manejo, a insensibilização e a sangria dos animais são pontos importantes como também todos os procedimentos de abate, refrigeração das carcaças, procedimentos da desossa, temperatura da sala de desossa, etc.

A certeza que temos é que quem atingirá os melhores mercados serão aqueles que possuem produtividade, rentabilidade, respeito aos animais e sejam extremamente sustentáveis com o meio ambiente.

Leandro Cazelli é médico veterinário e técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat)

Fonte: Acrimat

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