quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Produção Paulista de Café tem quebra de 10% em 2013


A estimativa de área ocupada com lavouras de café, em território paulista, somou 177.641 hectares cultivados, dos quais 158.907 hectares em produção e 18.734 hectares em formação. Enquanto as lavouras em produção exibem densidade de cultivo de 2.941 pl./ha, as lavouras em formação já alcançam as 3.325 pl./ha, indicando que os cafeicultores estão em processo de incorporação da tecnologia de adensamento, visando o incremento da produtividade média obtida. A estimativa de produção total alcançou 3.845.354 sacas de 60 kg de café beneficiado, revelando queda de 10,1% frente a estimativa de abril de 2013.

Dois fatores são os responsáveis pela diminuição da oferta de café beneficiado no Estado de São Paulo. Nesse levantamento, constatou-se queda na produtividade média esperada da ordem de 4,35%, ou seja, dos 25,3 sc./ha que eram previstos em abril/2103, houve recuo para 24,2 sc./ha. Ademais, também houve retração de área, indicando que 9.911 hectares de lavouras foram erradicados, encolhendo o parque produtivo paulista em 5,87%.

Ocupação de Mão de Obra

O total de pessoas ocupadas (exceto volantes) na cafeicultura paulista, em agosto de 2013, foi de 49.168, de acordo com a pesquisa. A categoria de trabalho proprietário e familiares (residentes e não residentes nas UPAs) predominou com 25.114 indivíduos, ou seja, 51% do total empregado. Assalariados somaram 18.547 residentes e não residentes nas UPAs, correspondendo a 38% do total. As categorias arrendatários e parceiros e seus familiares (residentes e não residentes nas UPAS) totalizaram 1.019 e 4.488 pessoas, respectivamente.

As regiões de São João da Boa Vista e de Franca são as que possuem a maior participação no total ocupado no Estado de São Paulo, com 13.532 (27,5%) e 8.194 pessoas (16,7%), respectivamente. A seguir, estão as regiões de Bragança Paulista e de Avaré e Ourinhos, ocupando acima de 5.700 pessoas por região. A região de Araraquara, Botucatu, Campinas, Jaú, Limeira, Mogi-Mirim e Ribeirão Preto tem aumentado o número de pessoas nas categorias assalariados e proprietário e seus familiares. No entanto, a região de Dracena e Tupã teve queda de área e de produção sem sinalizar renovação do cafezal. Aparentemente, indica que os produtores estão deixando de cultivar o café e em função disso ocasionou redução na ocupação de mão de obra.

No Estado de São Paulo, o trabalho volante foi estimado em dias/homens, ou seja, dias de serviços realizados pela categoria e totalizou 392.224 dias/homens utilizados, principalmente, na operação de colheita. As regiões de Avaré e Ourinhos, de São João da Boa Vista e de Franca foram as que mais ocuparam volantes no estado (33,3%, 22,5% e 20,7% respectivamente).

Em comparação ao levantamento de abril e o número de volantes na lavoura nas regiões produtoras, foi a região de Marília que apresentou maior retração. Isto está evidenciado pela diminuição de 24,5% da produção regional. Contudo, a região indicou renovação de áreas com café.

Estimativas nos Cinturões Produtores

Na Alta Mogiana de Franca, principal cinturão da cafeicultura paulista, estima-se safra de 1.225 mil sacas de 60 kg colhidas, em 50,6 mil hectares de lavouras em produção. Esse montante representa 32% do total a ser colhido no estado. A produtividade média esperada alcançou as 24 sc./ha similar, portanto, a média esperada para o estado.

A área em formação exibiu crescimento frente à previsão anterior totalizando 8.391 hectares. Tal informação, somada à intenção de plantio (que também aumentou), revela o bom ânimo dos cafeicultores com relação à cultura, ainda que as cotações atuais não lhes sejam favoráveis.

No segundo maior cinturão produtivo do estado, São João da Boa Vista, estima-se colheita de 933 mil sacas, representando queda de 10,5% frente ao levantamento anterior. Tal resultado decorre, essencialmente, da diminuição na produtividade das lavouras, que nesse levantamento foi estimado em 24 sc./ha, enquanto em abril/2013 essa produtividade média alcançava as 27 sc./ha. A queda não foi ainda maior em razão do ligeiro incremento na área produtiva, devido à entrada em produção dos talhões implantados em 2011.

A diminuição observada na produtividade pode ser atribuída às perdas decorrentes da impossibilidade de levantar os grãos que foram derrubados pelas chuvas. Tanto a tarefa se mostra pouco eficaz como, em geral, é de economicidade negativa. Ademais, as baixas cotações desmotivaram os cafeicultores que adiaram o tratamento fitossanitário exigido agronomicamente para o alcance de elevada produtividade.

No cinturão bragantino, a produção poderá alcançar as 221 mil sacas de 60 kg, ou seja, 7,8% frente à mensurada em abril/2013. Tal incremento deve-se à elevação na produtividade média de 20 sc./ha, contabilizada no levantamento anterior, para as 22 sc./ha no atual.

Recobrindo área de 16,4 mil hectares, as lavouras do cinturão do sudoeste paulista deverão colher 424 mil sacas de 60 kg. Frente ao levantamento de abril/2013, houve incremento da produção em razão da satisfatória produtividade média das lavouras, estimada em 26 sc./ha, ligeiramente acima da prevista anteriormente (8%), quando se contabilizou produtividade média de 24 sc./ha.

Nesta região foram observados fenômenos climáticos que repercutiram sobre o andamento da safra corrente. Ainda em 2012, houve prolongada estiagem, induzindo apenas duas floradas nesse cinturão, quando normalmente são de três a quatro. Tal fato poderia contribuir na melhoria da qualidade, o que não se confirmou em razão do excesso de precipitações entre maio e junho, pois os cafeicultores não puderam iniciar a colheita. Quando cessaram as chuvas, muitos grãos já haviam passado o auge da maturação com parcela significativa deles já ao chão. Assim, verifica-se ampliação do volume na produção, porém de qualidade inferior (riada e rio) que, associada aos baixos preços praticados pelo mercado, induzirá diminuição da tecnologia empregada nas lavouras.

Somada à situação descrita acima, a incidência de geada (em pontos isolados) e de ventos frios também deverá causar danos produtivos para a próxima safra, pois já é nítida a desfolha dos cafezais e injúria aos botões florais em fase de formação.

O espigão de Garça/Marília exibiu forte queda na quantidade colhida. Era esperada, em abril/2013, colheita de 780 mil sacas de 60 kg, declinando esse volume para as atuais 583 mil sacas, ou seja, menos 25,4%. Esse tombo na produção decorre, em parte, da queda na produtividade média estimada que das 28 sc./ha registradas no levantamento anterior, declina para os 26 sc./ha nesse levantamento.

A queda na produção responde, também, pelo incremento de áreas submetidas à poda de condução (esqueletamento) e pela substituição, de lavouras esgotadas, por novos plantios ainda sem produção. Assim, para a próxima safra, pode-se esperar retorno do patamar de produção aos níveis das 700 mil sacas.

A entrada de novos talhões em produção elevou a estimativa de produção do cinturão central. Nesse levantamento, prevê-se quantidade colhida de 371 sacas obtidas em 14,8 mil hectares de lavouras, com produtividade média de 25 sc./ha.

Nessa região foi registrada a maior queda na produtividade média (13,8%), o que, provavelmente, está relacionado com a problemática das chuvas no período da colheita, com o agravante, nesse cinturão, da severa escassez de mão de obra para o manejo e colheita da lavoura.

As áreas disponíveis em Dracena e Tupã são fortemente disputadas pela cultura da cana-de-açúcar conduzidas pelo segmento sucroalcooleiro. Esse fenômeno tem repercutido drasticamente sobre os índices de produção e produtividade das lavouras dessa região. Com 12 sc./ha de rendimento médio, o cinturão caminha para se tornar residual dentro do mosaico paulista. Ainda assim, estima-se produção de 45.942 sacas para a safra 2013/14. Dentro da amostragem, muitos cafeicultores declararam ter erradicado suas lavouras, fato esse que fez cair a área cultivada dos 5.600 hectares registrados em abril/2013 para a estimativa atual de 3.920 hectares.

As demais regiões do estado caracterizam-se por exibir baixa prevalência da cafeicultura, influenciando pouco na quantidade estadual colhida. Em agosto/2013, prevê-se que o volume colhido nessa região alcance as 41 mil sacas de 60 kg, com queda acentuada, frente ao levantamento de abril/2013.

Fonte: IEA

Autores: Antônio José Torres (torres@cati.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autorCelma Da Silva Lago Baptistella (celma@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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José Alberto Angelo (alberto@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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