quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Inaugurado: Etanolduto reduzirá os custos de transporte do etanol aumentando a competitividade

O trecho do etanolduto de Ribeirão Preto à Refinaria do Planalto (Replan), em Paulínia (SP), inaugurado ontem, vai reduzir os custos de transporte do etanol e deve aumentar a competitividade do combustível ante a gasolina, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). "A competitividade vai aumentar. O duto é bom para a cadeia toda economicamente, porque vai ter um custo menor de transporte e isso se reflete na hora de colocar o produto no mercado", sustentou o diretor da entidade em Ribeirão Preto, Sergio Prado, ao DCI.

O trecho tem 207 quilômetros e permitirá o transporte de 4,1 bilhões de litros de etanol por ano. Esse volume costuma ser transportado para os grandes centros de distribuição - em São Paulo e no Rio de Janeiro - por 95 mil caminhões todo os anos. Para a produção deste ano safra 2013/2014, estimada em 25,4 bilhões de litros, o duto escoará 16,1% de todo o etanol produzido no Centro-Sul. Inicialmente, a inauguração estava prevista para março. A primeira transferência de etanol hidratado foi realizada em junho.

A rede de transporte de etanol tem no total 1,3 mil quilômetros de duto e 700 quilômetros de hidrovia e 15 terminais de coleta e distribuição de etanol. O sistema conta com um braço hidroviário entre Anhembi e Presidente Epitácio, no interior paulista, um braço dutoviário de Paulínia a Jataí (GO), outro que passará por Barueri e irá até Santos (SP), e mais um trecho dutoviário que passará pela cidade de Guararema (SP) e irá até Ilha DÁgua (RJ). Segundo o governo, quando todos os trechos estiverem concluídos, o etanolduto atravessará 45 municípios.

A projeção da Logum é que toda a rede seja capaz de transportar mais de 20 bilhões de litros de etanol por ano, próximo à produção da região. O diretor da UNICA ressaltou que esse primeiro ramal em funcionamento já garantirá agilidade no abastecimento dos mercados. "Carregar por caminhão é uma operação complicada e que pode causar a escassez do produto, mesmo já existindo."

Para Sergio Prado, a obra "é um avanço fundamental" para aumentar a competitividade de todo o setor sucroalcooleiro. "O setor precisa buscar uma redução de custo e precisa ter eficiência para ser competitivo. Já temos um custo de fabricação e produção elevado. Se ele ainda é onerado por causa da infraestrutura, ele fica com falta de competividade profunda", argumentou.

O diretor da entidade recordou duas recentes obras no interior paulista, os terminais privados da Coopersucar e do Grupo São Martinho, ambos em Ribeirão Preto, que também previam a redução do uso de 80 mil caminhões ao ano. Segundo Prado, cada terminal retirou das rodovias 40 mil caminhões ao ano.

O ramal foi inaugurado ontem em Ribeirão Preto pela presidente Dilma Rousseff, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e o presidente da Logum Logística, Roberto Gonçalves. A empresa foi formada em 2011 com capital de Petrobras, Raízen Energia, Coopersucar, Odebrecht Transport, Camargo Corrêa e Uniduto Logística. A Transpetro, braço de logística da Petrobras, será a operadora do duto de etanol.

Segundo o presidente da Logum, já foram iniciadas as obras do segundo trecho do duto, de 144 km, entre Uberaba (MG) e Ribeirão Preto, e foi liberado o ramal hidroviário entre a hidrovia Tietê-Paraná e Paulínia.

Para Edison Lobão, o etanolduto "é a demonstração de que a modernidade chegou ao setor". Ele também criticou as acusações de que a produção de cana-de-açúcar avança em terras agriculturáveis. "Temos milhões de hectares de terras ainda agriculturáveis; vamos ampliar de 22 bilhões para 27 bilhões de litros de etanol nesta safra e, com isso, estamos contribuindo para manter limpa a matriz energética."

Essa é uma das obras integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e seu orçamento é previsto em R$ 7 bilhões, a serem financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para esse primeiro trecho foi executado R$ 1 bilhão.

Incentivos ao setor

Na cerimônia de inauguração, a presidente ressaltou outras medidas de incentivo ao setor sucroalcooleiro que, segundo ela, vão "sem dúvida baratear o custo na hora que chegar na bomba".

"Em 2011/2012, [lançamos] um programa de R$ 1 milhão para produtores renovarem canavial. Em 2013/2014, mais R$ 4 bilhões para o Prorenova, com 1 milhão de hectares de cana-de-açúcar para recuperar a produtividade."

Ela citou ainda o financiamento de R$ 2 bilhões para a estocagem de etanol, com taxa de juros de 7,7% ao ano, com recursos do BNDES, e o aumento para 25% de etanol anidro na mistura com a gasolina, o que criou "demanda de 2 bilhões de litros de etanol".

Dilma afirmou que o governo espera que seja votada "ainda neste mês" a medida provisória anunciada em abril que desonera de PIS e Cofins a comercialização do combustível, o que vai reduzir em R$ 0,12 o litro do etanol.




Fonte: DCI

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