quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Embrapa: Nanofibras de celulose podem ser extraídas de resíduos de dendê


Pesquisa liderada pela Embrapa Agroenergia (Brasília/DF) conseguiu purificar a celulose de cachos vazios de palma-de-óleo, conhecida popularmente como dendê. Além disso, os cientistas extraíram nanofibras de celulose desse material. A expectativa é que os resultados obtidos contribuam para o desenvolvimento de aplicações com maior valor agregado para os resíduos da produção de óleo de dendê.

Atualmente, as indústrias obtêm celulose principalmente de florestas plantadas e utilizam esta celulose para a produção de papel. O material obtido nos laboratórios da Embrapa Agroenergia, contudo, pode ter outras aplicações. As nanofibras estão sendo caracterizadas por diversas técnicas instrumentais e, após essa etapa, serão testadas como reforço à borracha natural. A ideia é obter um material que possa ser incorporado à borracha sem comprometer as propriedades da mesma.

O pesquisador da Embrapa Agroenergia, Leonardo Valadares, que coordena a pesquisa, explica que nanopartículas possuem propriedades diferenciadas que permitem gerar materiais únicos. “Novas tecnologias podem ser geradas para, por exemplo, substituir derivados de petróleo”, comenta. O projeto de pesquisa com os cachos vazios de dendê integra a Rede AgroNano, programa de nanotecnologia coordenado pela Embrapa Instrumentação (São Carlos/SP). A rede já estudou a preparação de nanocompósitos formados por borracha natural e fibra de algodão.

A palma-de-óleo é uma das mais importantes fontes de óleo vegetal no mundo. Há grande expectativa pelo aumento da produção de dendê no Brasil, principalmente para fornecer matéria-prima às usinas de biodiesel, no contexto do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel. O zoneamento agroecológico da cultura realizado pela Embrapa e pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento aponta que no País há cerca de 30 milhões de hectares de terras apropriadas para o plantio de dendê, sem comprometer de áreas de proteção ambiental.

A expansão da área plantada, contudo, acarretaria o aumento do volume de resíduos gerados. Para cada quilo de óleo de dendê obtido, sobram cerca de 1,1 quilos de cachos vazios. Atualmente, eles são devolvidos aos campos para a fertilização da plantação. No entanto, o aproveitamento da celulose contida nesse material pode gerar produtos de alto valor agregado.

As nanofibras de celulose dos cachos de dendê foram obtidas em escala de bancada. Um dos desafios da pesquisa agora é aumentar a escala de produção. Além da Embrapa Agroenergia e da Embrapa Instrumentação, participam do projeto a Embrapa Cerrados e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, ambas em Brasília/DF.

Vivian Chies – Jornalista (MTb 42.643/SP)
Embrapa Agroenergia
(61) 3448-2264 / vivian.chies@embrapa.br

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