O novo cenário de intensa mecanização do setor canavieiro pode tornar-se altamente promissor, exigindo, segundo Jairo Antonio Mazza, docente do Departamento de Ciência do Solo (LSO), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), para maximização de seu potencial, uma revisão e reinterpretação de conceitos, especialmente os que se referem ao manejo e conservação do solo e da água. Em entrevista, o docente falou sobre o manejo e a conservação do solo, na cultura da cana-de-açúcar, diante desse cenário.
Como mecanizar as lavouras e considerar os aspectos de sustentabilidade?
Jairo Mazza (JM): Atingir a sustentabilidade na atividade de produção da cana-de-açúcar envolve a obtenção de produtividades economicamente viáveis, o que necessariamente enquadra a longevidade da lavoura, ou seja, um maior número possível de cortes por ciclo, diluindo os expressivos investimentos realizados no plantio. A sistematização adequada, que impacta no incremento dos rendimentos operacionais do plantio, nos tratos culturais e no corte e transbordo da matéria-prima produzida, implica também na redução de custos, encorpando o conceito de sustentabilidade. Aliado ao incremento de produtividade e concomitantemente à redução de custos, ambos impactando positivamente na lucratividade, não se pode permitir o desgaste irrecuperável das terras utilizadas.
Que aspectos considerar para uma sistematização adequada do processo de mecanização das lavouras?
JM: Entenda-se como sistematização adequada o melhor preparo do solo, com uniformização da profundidade, e pelo menos um razoável nivelamento da superfície do terreno, ambas as ações possibilitando uma sulcação uniforme e perfeito paralelismo. Também é fundamental a adoção de linhas de plantio bastante alongadas e com o menor número possível de matações, reduzindo as manobras, o que é conseguido com o aumento do espaço horizontal entre os terraços ou com a eliminação destes.
Que vantagens essa sistematização possibilita?
JM: Realizada com inteligência, a sistematização evita ou minimiza significativamente o pisoteio das linhas da cultura pelo sistema de colheita e transbordo mecanizados. Assim, mantêm-se as características físicas obtidas com o preparo do solo, permitindo um desenvolvimento adequado das raízes em pelo menos 50% do volume do solo entorno da linha da cultura, espaço não sujeito ao pisoteio das esteiras da colhedora e dos rodados dos transbordos, que devem se localizar estritamente no centro das entrelinhas.
E a médio e longo prazo, que cenário podemos projetar?
JM: Com esta nova sistematização obtém-se a otimização da área agrícola e incrementos dos rendimentos operacionais, da longevidade e produtividade agrícola, da conservação do solo e da água e, consequentemente, da sustentabilidade da atividade canavieira.
Fonte: Esalq
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