O grupo Marfrig encerrará suas atividades em quatro centros de abate da Seara Brasil no País, como parte de uma série de cortes da companhia na América Latina que devem economizar até R$ 250 milhões em capital de giro neste ano. Além da Seara, a companhia é dona de marcas como Rezende, Doriana, Tacuarembó, Jamie Oliver e MoyPark.
O CEO da Seara Foods e futuro CEO da Marfrig, Sérgio Rial, não detalhou quais unidades serão deixadas de lado, mas indicou que, das quatro, uma será encerrada de imediato e outras três serão negociadas com empresas de menor porte. Ele sinalizou que já há negociações, mas ressaltou que, se não houver acordo até 30 de junho, suas portas também serão fechadas.
Segundo o executivo, essas quatro unidades são pequenas e não estavam dando retorno para a companhia. Com o corte, o grupo pretende economizar R$ 23 milhões em capital de giro já no segundo trimestre.
Rial confirmou que haverá demissões na primeira unidade que será fechada, mas disse que não ter um número preciso. Nos demais centros, "alguns funcionários" serão realocados e sua estrutura produtiva transferida para unidades maiores.
Cortes de custo
Dentro da gestão da Seara Brasil, a empresa também anunciou a "redução de custo fixo" de sua sede em Itajaí (SC) na ordem de R$ 7 milhões. Com isso, a Seara Brasil, que foi responsável pelo aumento de R$ 140 milhões nos custos do grupo no primeiro trimestre, deve economizar R$ 40 milhões até o segundo trimestre.
O objetivo é reduzir os custos do grupo Marfrig, que subiram 25,8% entre o primeiro trimestre do ano passado e o deste ano, e diminuir, até o fim do ano, em até R$ 2 bilhões o endividamento líquido da companhia, que fechou o período em R$ 9,8 bilhões.
O grupo também abrirá mão de duas das cinco plantas que a Marfrig Beef possui na Argentina, o que renderá à marca uma economia de R$ 30 milhões neste ano. Ainda no âmbito da América Latina, a empresa anunciou que já mudou o foco de sua produção de couro da Zenda, no Uruguai, trocando o mercado automobilístico europeu pelo do Mercosul. "As margens estavam incompatíveis com o custo na Europa", justificou o CEO.
Além da redução nas plantas, o grupo também pretende economizar R$ 70 milhões até o fim do ano com a redução de sua estrutura de confinamentos, que encarecem o boi gordo.
Para completar o quadro de arrocho, a companhia ainda fechará três dos quatro centros de distribuição no estado de São Paulo e migrará sua sede, atualmente na capital, para seu centro localizado na Rodovia Anhanguera, mudança que, sozinha, fará o grupo reduzir R$ 7 milhões até 2014.
Norma trabalhista
Em abril, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) publicou a norma regulamentadora 36, conhecida como NR dos Frigoríficos, que obriga as empresas a conceder mais folgas durante os turnos e melhores condições de trabalho para seus funcionários. Embora a Confederação Nacional da Indústria (CNI) calcule que o setor de abate terá que investir R$2 bilhões para se adequar às novas normas, a diretoria da Marfrig não foi precisa sobre os investimentos que estão sendo feitos na área nem sobre o impacto financeiro nos resultados da companhia.
O diretor de sustentabilidade do grupo, Clever Ávila, afirmou apenas que os frigoríficos da companhia já vêm readequando seus ambientes de trabalho desde antes da publicação da norma. Ele assinalou também que a empresa deve apostar na automação de alguns processos para reduzir custos e riscos de trabalho.
Já o diretor geral de bovinos do grupo, James Cruden, acrescentou que a Marfrig "não deixou de ser competitiva por causa da NR".
Apesar da mudança, o CEO da Seara Foods observou que a norma representa um impacto "bastante preocupante" para a indústria de abate de carnes.
Endividamento
Com todos esses cortes, a companhia pretende reduzir seu endividamento em até R$ 2 bilhões até dezembro e aumentar sua geração de caixa. Na segunda-feira, 13, a S&P cortou o rating da Marfrig, que tem enfrentado dificuldades para integrar os ativos adquiridos da Seara e da BRFoods.
Segundo Rial, uma das estratégias para aumentar a alavancagem pode ser a atração de novos investidores. "Temos atratividade suficiente para atrair investidores", acredita o executivo.
Ele negou que haja qualquer negociação com o BNDES para novos aportes. Rial ainda descartou a possibilidade de novas emissões de ações em 2013, mas não a de debêntures.
A Marfrig também pretende trabalhar com preços maiores e aproveitar a redução do preço dos grãos para ampliar sua margem, que subiu 32,8% no trimestre.
Segundo Rial, a diferença dos preços da Seara Brasil ante os da BRFoods pode passar de 14% para 10%. A evolução dos preços no primeiro trimestre já foi responsável em 23% pelo aumento da receita líquida, que subiu 28,3%.
Fonte: DCI
Fonte: DCI
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