sexta-feira, 5 de abril de 2013

Cana-de-Açúcar e a Produção Leiteira no Estado de São Paulo



O Estado de São Paulo possui cerca de 200 mil quilômetros de malha rodoviária. Por todos os caminhos, seja nas modernas rodovias duplicadas, seja nas estradas de terra, a paisagem é tomada pela cana-de-açúcar. 

Em meio aos canaviais, porém, estão escondidos os pequenos produtores de leite. São as ilhas de leite num mar de cana, segundo o título do estudo do agrônomo André Novo, analista da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP).

Durante os quatro anos do doutorado, realizado na Universidade de Wageningen, na Holanda, Novo pesquisou os diferentes impactos da crescente área de cana-de-açúcar sobre produtores familiares de leite no Estado de São Paulo.

Para quem possui propriedades pequenas, a renda da cana não é suficiente. Por isso, a necessidade de realizar outras atividades na mesma área. De acordo com o estudo, a alternativa é intensificar a produção de leite.

Dados do programa Balde Cheio, da Embrapa Pecuária Sudeste, mostram que vários produtores participantes do projeto atingiram alta produtividade, equivalente às obtidas em países desenvolvidos. Por meio de técnicas simples, é possível duplicar a produção, utilizando metade da área.

O segredo é explorar o alto potencial de produção de matéria seca das gramíneas tropicais, uma das principais estratégias do Balde Cheio. A alta produtividade da terra foi obtida não apenas pela maior produção de pastagens, mas também pela combinação de mais vacas em lactação por hectare (média de 31%), maior produtividade por vaca (24%), melhor desempenho do trabalho (37%), enquanto se utiliza menos terra (- 7%).

Os sistemas intensificados de produção de leite baseados em pastagens renderam em média R$ 3 mil por hectare, valor bastante competitivo quando comparado aos R$ 600 por hectare do arrendamento para cana-de-açúcar e R$ 700 por hectare da produção de soja (números obtidos em 2010).

Os valores médios de renda por membro ativo da família foram também muito competitivos quando comparados à média dos salários dos empregos urbanos.

Apesar do avanço implacável da cana, é possível continuar com a produção leiteira tecnificada e intensiva. As duas atividades podem caminhar juntas, sendo que o leite pode representar uma garantia de renda diante das oscilações no preço da cana, e vice-versa.

"Os canaviais não são uma ameaça. Pelo contrário, eles podem ser interessantes se o produtor de leite não desistir da atividade e souber diversificar", explica Novo.

Larissa Morais, (MTb/SP 48218)
(16) 3411-5625; 

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