segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Mato Grosso: Abates são suspensos por falha no sistema


Com abate médio de 20 mil cabeças por dia e o maior rebanho bovino do país, as indústrias frigoríficas do Estado estão paralisando as operações ou reduzindo a escala de abate por falhas no sistema de emissão de Guia de Transporte Animal (GTA) do governo estadual. Implantado no dia 02 de janeiro, o novo sistema deveria agilizar a emissão do documento indispensável para o trânsito de animais, porém não está suportando a demanda de aproximadamente quatro mil documentos por dia. A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) denunciou o problema no início de janeiro, logo após a implantação do sistema.

Desde a sexta-feira de Carnaval (08) pecuaristas de todas as regiões de Mato Grosso estão enfrentando dificuldade para emitir a Guia. Uma semana depois o problema, ao invés de ser resolvido, piorou e desde a quinta-feira (14) está fora do ar. O produtor da região de Vila Bela da Santíssima Trindade (520 km a oeste da Capital), Cristiano Alvarenga, relata que na tarde de sexta-feira (15) havia mais de 20 pecuaristas esperando na porta da unidade do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) para tentar retirar o documento e embarcar o gado para abater na segunda-feira (18).

O superintendente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT), Jovenino Borges, afirma que nesta sexta-feira muitas unidades não cumpriram a escala 100% e que, se o sistema retornasse até o final do dia, a esperança seria uma plantão no sábado nas unidades do Indea para amenizar os prejuízos. “Ainda não sabemos o impacto que terá na receita das indústrias, mas um dia parado reflete na receita mensal da empresa”.

O Indea é o órgão responsável pela emissão do documento, mas o desenvolvimento do software foi realizado pelo Centro de Processamento de Dados do Estado de Mato Grosso (Cepromat). A coordenadora de Controle de Doenças Animais do Indea, Daniela Soares, explica que o órgão é apenas um operador do sistema e que cabe ao Cepromat resolver o entrave. Como conta, há duas equipes trabalhando para colocar o sistema no ar, porém que eles não sabem explicar o que está ocorrendo. “Eles estão tentando resolver, mas não nos passam a causa das quedas do sistema. Mas sabemos que o problema é não há suporte para atender a demanda”.

Para o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, o fato é inaceitável. “Estamos deixando de abater porque o sistema eletrônico não funciona. A integração à Plataforma Eletrônica é uma exigência do Ministério da Agricultura e Pecuária e uma reivindicação antiga da Associação”. Ainda de acordo com o superintendente, é preciso reconhecer que o sistema não tem capacidade para operar em Mato Grosso e desenvolver um software compatível com a demanda do Estado.

O GTA eletrônico, como foi chamado, foi lançado em dezembro de 2012 pelo governo e deveria possibilitar o acesso direto dos pecuaristas. Como foi anunciado na época, o governo de Mato Grosso garantia que todos os produtores do estado tenham acesso ao sistema de GTA on-line, mesmo aqueles que não sejam filiados a uma instituição representativa. Fato que até o momento não ocorreu.

A intenção do projeto era de que cada um pudesse imprimir a GTA de sua propriedade antes do embarque, como afirma Daniela Soares. “O objetivo final é que cada um possa emitir seu documento pela internet diretamente, sem intermediários. Mas se não estamos conseguindo por meio das unidades do Indea, não temos como liberar para o acesso individual”.

A denúncia sobre as falhas no software está sendo feita desde o início de janeiro, quando pecuaristas e a própria Acrimat se manifestaram contestando a qualidade do serviço oferecido. Mas nenhuma providência foi adotada pelo governo estadual.



ASSESSORIA ACRIMAT

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