terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Setor de Celulose aposta na lignina, Considerada o "cimento da árvore"


A utilidade da madeira extraída dos 6 milhões de hectares das plantações de eucalipto, pinus e outras espécies no país vai além da produção de papel, carvão, material de construção ou móveis. As indústrias florestais concentram as atenções no novo insumo que pode abrir um amplo campo de oportunidades para o setor: a lignina. Considerada o "cimento da árvore" devido à função natural de dar solidez ao tronco, a substância é um dos principais resíduos da fabricação de celulose, sendo ultimamente queimada para gerar energia. A combustão do "licor negro" contendo rejeitos tem permitido a autossuficiência energética das fábricas, além da injeção do excedente na rede elétrica.

"A química verde chega para aumentar significativamente o valor agregado e dar uma finalidade mais nobre ao resíduo", revela Fábio Figliolino, gerente de inovação da Suzano. A empresa investiu em uma planta piloto na unidade de Limeira (SP) para separar a lignina dos demais componentes, mediante aplicação de gás carbônico. O objetivo é recuperá-la para uso na síntese de produtos químicos de origem renovável - os lignosulfonatos, úteis na produção de concreto, agrotóxicos e insumos da perfuração de petróleo. "Queremos tornar as florestas de eucalipto competitivas", diz o executivo, ao lembrar que a lignina é um dos insumos naturais mais abundantes do planeta.

A busca por usos múltiplos das florestas é também estratégia da Fibria, que decidiu investir US$ 20 milhões para deter 6% de participação na americana Ensyn e formar uma joint-venture para produção de bio-óleos a partir da madeira, com aplicação no refino de produtos químicos avançados e combustíveis de automóveis e aviões. A base da matéria-prima está nas plantações da empresa brasileira. "Quando substitui fontes fósseis e poluentes, a química verde abre mercados e ajuda a reverter a imagem negativa da indústria florestal, equivocadamente associada à derrubada de árvores para produzir papel", diz Vinicius Nonino, gerente de novos negócios.

"Pellets de biomassa destinados ao uso energético valorizam a lignina para exportação", afirma José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado Brasil. A indústria, recentemente inaugurada em Três Lagoas (MS) com investimento de R$ 6,2 bilhões, tem como prioridade a celulose, mas já nasce de olho no futuro da química verde. O desenvolvimento da nanocelulose, diz o executivo, pode conferir resistência e dureza às fibras de carbono para ser aplicada como substituta de materiais de origem fóssil.


Fonte: Valor Econômico

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