quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Recomendações técnicas para o manejo de vinhedos danificados pela geada


A equipe de pesquisadores da Epagri/Estação Experimental de Videira faz as referidas recomendações, em vista dos relatos de técnicos de várias regiões vitivinícolas de Santa Catarina que confirmam prejuízos nos vinhedos causados pela geada ocorrida entre os dias 26 e 27 de setembro. Os prejuízos, dependendo da localização dos vinhedos (exposição sul e áreas de baixadas), foram muito grandes, já que houve queima de toda da vegetação e, consequentemente, perda de formação de frutos. Em outras situações (áreas mais protegidas da ação dos ventos, etc) tiveram, perdas parciais com queima de brotações mais novas, mas que, no entanto já irão refletir em pernas consideráveis aos produtores.

Para melhor entender a videira, por ocasião da poda de inverno, são mantidas nas plantas as gemas basilares, também conhecidas como gemas casqueiras. Além destas gemas, podem ser mantidas as gemas principais formadas nas axilas das folhas nos bacelos. 

A permanência das gemas axilares forma as estruturas conhecidas como esporões ou varas. Assim, dependendo da fertilidade das gemas de cada cultivar, sistema de condução e da renovação dos cordões produtivos da videira se opta por deixar ou não nas plantas as gemas axilares. Por exemplo, na cultivar Isabel conduzida em sistema latada, realiza-se uma poda curta utilizando as gemas basilares.

 Isto ocorre também para as cultivares Bordô, Concord, Bailey e outras variedades de uvas comuns e híbridas. Para a cultivar Niagara, independente do sistema de condução, utiliza-se também as gemas axilares que desenvolvem cachos de maior tamanho, característica esta, muito importante para uvas destinadas para o consumo in natura. No caso das cultivares viníferas obrigatoriamente se mantém estruturas de esporões e varas nas plantas para se obter produções. Observação importante neste caso é que não ocorre brotação das gemas basilares nos esporões e nas varas.

Como manejar parreirais com queima total dos brotos no vinhedo? 

Para vinhedos onde houve perdas superiores a 70% da vegetação, independente da cultivar danificada pela ação do frio, recomenda-se a poda de todos os brotos queimados. Esta retirada deve ser feita com tesoura, realizando corte rente a madeira velha dos cordões de produção. No caso específico de vinhedos conduzidos em sistema latada (uvas comuns) não se recomenda aplicação de qualquer tipo de produto de quebra de dormência, pois poderá queimar restos dos brotos ainda sadios na planta. 

Em vinhedos conduzidos em sistema espaldeira (uvas viníferas), os quais normalmente utilizam esporões e varas como estruturas de produção, estas deverão ser eliminadas para induzir a brotação das gemas basilares. Para isso, podem ser usados produtos de quebra de dormência aplicados de forma dirigida nas gemas dormentes. Nestes vinhedos com a retirada de toda a vegetação das plantas, recomenda-se aplicar adubos nitrogenados no solo para favorecer o crescimento dos novos brotos e a manutenção dos tratamentos fitossanitários para a formação normal de estruturas que garantirão a produção na próxima safra.

Como manejar parreirais com queima parcial dos brotos nos vinhedos?
Para os demais vinhedos com perda inferior a 70% da vegetação, deve-se retirar os brotos danificados pelo vento e os totalmente queimados pela geada. Os brotos parcialmente queimados devem ser podados a partir da região danificada. Isso deve ser feito a fim de manter, na planta, parte da vegetação sadia, proporcionando assim a manutenção de um número mínimo de inflorescência que permita alguma produção na safra. 

Também é recomendada a aplicação de adubos nitrogenados no solo e a manutenção dos tratamentos fitossanitários. A aplicação de aminoácidos e cálcio juntamente com açúcares ou melaço na dosagem de 3% logo após a poda do material danificado ajuda a planta reduzindo os efeitos negativos causados pela perda da vegetação. 

Independente da situação encontrada em cada vinhedo, sempre deverão ser em considerados os prejuízos causados pela perda de vegetação. No estágio de desenvolvimento em que as plantas foram atingidas pela geada (plena brotação), boa parte da reserva já foi utilizada para o crescimento dos brotos e do sistema radicular. Assim, a manutenção de folhas sadias nas plantas até o mês de maio do próximo ano (até a senescência das folhas) é de fundamental importância para a garantia das futuras produções. 

Por isso, mesmo que a planta afetada pela geada não esteja produzindo, os tratamentos fitossanitários não devem ser abandonados. Se isso vir a ocorrer, as plantas perderão as folhas muito precocemente e em consequência disso, não terão condições para uma boa recuperarão, ficando debilitadas e sujeitas à perda de produções futuras.

Mais informações: Epagri/Estação Experimental de Videira, no telefone: (49 – 3566-0054), e-mail: rosier@epagri.sc.gov.br

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