Em vigor desde o dia 1º, as novas regras para a classificação do trigo passam ao largo da safra atual - e ainda devem levar alguns anos para vingar. No Rio Grande do Sul, triticultores admitem que iniciaram o plantio, entre junho e julho, sem se ater às exigências criadas, em 2010, pelo governo federal. Também a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) reconhece: "Na prática, neste ano, pouca coisa vai mudar".
Veiga é presidente da Associação de Produtores de Trigo e Soja do Rio Grande do Sul (sem sigla) e relata que os associados utilizaram, na plantação recém-semeada, as mesmas sementes de sempre. "Falta aperfeiçoamento genético", constatou.
A concorrência com o trigo importado, os insumos mais caros neste ano e a falta de logística para se transportar o cereal dentro do País, como listou Veiga, são impeditivos para um comportamento proativo dos triticultores em relação às novas regras. "Os primeiros anos de plantio de uma nova variedade costumam ser onerosos", ele explicou. Além do mais, "ainda não ficou claro o que deve ser mudado".
IN 38
A Instrução Normativa 38, de 2010, estabelece novas regras de identidade, qualidade e rotulagem para o trigo produzido no Brasil. Entre as mudanças, está a criação de uma nova categoria, a do cereal "doméstico", que amplia para cinco tipos a gama de classificações, baseadas em níveis de glúten, acidez e outros fatores de composição.
Da categoria "pão", cujo fator W (nível de glúten) antes devia ser maior do que 180 unidades, passou-se a exigir um índices superiores a 220, de acordo com a Embrapa Trigo. "Os critérios ficaram mais rigorosos", resumiu Caieirão, da empresa pública.
Os tipos "básico" e "doméstico", em substituição ao extinto "brando", devem ter, respectivamente, força de glúten de pelo menos 50 unidades do fator W e perfil de farinha esbranquiçada.
Na agricultura paranaense, as novas regras desestimularam a produção, e devem rebaixar a classificação de 35% da safra, de acordo com análises da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). Das 2,2 milhões de toneladas que devem ser produzidos na região, neste ano, 770 mil toneladas correm o risco de uma classificação inferior à da última temporada.
Os proprietários de moinhos dizem que esperam a mudança na qualidade do trigo brasileiro para reduzir o nível de importações, concentradas na Argentina.
Fonte: DCI Autor: Bruno Cirillo
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