quarta-feira, 21 de março de 2012

Interpretação da análise de solo – A importância do potássio


Como todos os outros elementos essenciais, o potássio é de fundamental importância no desenvolvimento vegetal. A função do potássio está ligada à abertura e fechamento dos estômatos, participação nas ativações enzimáticas e maior resistência das plantas a condições adversas.

A solução do solo é a fonte imediata de potássio às plantas. A concentração de potássio na solução controla a difusão deste nutriente até a superfície das raízes, portanto, controla a absorção de potássio pelas plantas (Mengel & Von Braunschweig, 1972).

O potássio trocável é aquele que se encontra na fase sólida, prontamente capaz de ser mobilizado para a solução do solo, com intuito de suprir a solução à medida que o potássio é absorvido pelas plantas.

Este íon, por possuir carga positiva, compete com outros nutrientes como cálcio e magnésio nos sítios ativos de ligação no solo. Devido a isto, é de suma importância que relação Ca:Mg:K esteja equilibrada, evitando que o potássio seja trocado por outros nutrientes à medida que a concentração destes aumente e que acabe sendo lixiviado para camadas mais profundas do solo.

Quando sua disponibilidade é baixa para a planta, o crescimento é retardado. Segundo Coelho & França (1995), os sintomas de deficiência de potássio em milho resultam no aparecimento de manchas cloróticas nas pontas e nas margens das folhas mais velhas seguida por secamento, necrose e dilaceração do tecido; os colmos apresentam internódios mais curtos; as folhas mais jovens podem mostrar clorose internerval típica de deficiência de ferro.
Fonte: IPNI/Brasil

Outro sintoma típico é o acamamento de plantas devido à quebra do colmo.
Na interpretação dos resultados da análise de solo, é possível verificar o teor de K+, sua participação na CTC do solo.

Observe o seguinte resultado da análise química do solo:
 

A quantidade de k+ no solo em questão é de 74 mg/dm³.

O primeiro passo é passar este resultado para cmolc/dm³, dividindo o valor encontrado na análise por 390. Será obtido um valor de 0,18 cmolc/dm3.

O próximo passo é verificar a participação do k+ na CTC potencial (T) do solo, dividindo o valor 0,18 por 9,44 (valor de T). O resultado de 2% da CTC está sendo ocupada pelo k+. Uma das proposições para cálculo da quantidade de k2O a ser aplicada, refere-se ao cálculo da dose visando atingir 3 a 5% da CTC a pH 7,0 (T) saturada em íons k+ (Lopes e Guilherme, 1992). Assim, deve-se calcular a quantidade de k+ exportada pelas culturas no conceito de adubação de restituição.

O cálculo será feito em 2 passos:

Passo 1) Elevar o k+ para 5% da CTC:
• T = 9,44 cmolc/dm³
• k+ = 0,18 cmolc/dm³
• 5% de T = 0,47 cmolc/dm³

Sabe-se que para elevar o k+ no solo em 0,1 cmolc/dm3, devemos aplicar 9,4 kg de k2O/ha.
• 0,47 cmolc/dm³ – 0,18 cmolc/dm³ = 0,29 cmolc/dm³

Deve-se aplicar 29 x 9,4 = 272,6 kg de k2O 

Passo 2) Cálculo da quantidade extraída pela cultura, como exemplo o milho grão produzindo 10 t/ha:

Para uma produtividade de 10,15 t/ha, a quantidade de k+ exportada é de 157 kg/ha. Para converter k em k2O multiplicar por 1,20:
• 157 x 1,20 = 189 kg/ha de k2O

Ao somar as quantidades encontradas tem-se: 272,6 + 189 = 461,6 kg/ha de k2O

Na busca pelo aprimoramento das técnicas de adubação, deve-se considerar que o fertilizante potássico mais utilizado na agricultura, o cloreto de potássio, é um sal de alta solubilidade e pode gerar um ambiente altamente salino em torno da semente, dependendo da dosagem, afetando o processo de germinação e a emergência das plântulas. Em conseqüência, o stand de plantas e o rendimento de grãos podem ser prejudicados.

Como demonstrado na figura abaixo, o aumento das doses de k2O próximo à semente diminui o tamanho das raízes de plântulas de milho aos 21 dias após a semeadura quando aplicados a 3 cm da semente no sulco de plantio.




No intuito de diminuir o efeito salino nas sementes, potencializando o crescimento radicular nos primeiros estágios de desenvolvimento da cultura, pode-se utilizar de estratégias de adubação potássica, aplicando o fertilizante em pré-plantio. Esta técnica deve levar em consideração o tipo de solo, o prazo entre a operação e o plantio e o risco de chuvas intensas após a aplicação. Em solos de baixa CTC, o uso de elevadas doses de kCl pode determinar perdas significativas do k por lixiviação, haja vista a baixa capacidade desses solos reterem cátions.


A tabela acima mostra que os resultados de pesquisa referentes às respostas de gramíneas tropicais à adubação com k têm sido positivos. Observa-se que a produção de MS (4 cortes) de Brachiaria decumbens foi incrementada pelo uso de k. A maior resposta, no entanto, foi devido à calagem, o que parece indicar que após a correção da acidez do solo e dos teores de k no solo (no caso deste estudo), o fornecimento de outros nutrientes, como N e P, seriam fundamentais para aumentar a produção de forragem.

Vicente-Chandler et al., (1962), por sua vez, mostraram que, na presença de calagem, fosfatagem e, principalmente, elevada adubação nitrogenada (672 kg/ha de N), diversas gramíneas forrageiras tropicais responderam linearmente às adubações com k até níveis de 448 kg/ha de k2O. No caso do capim elefante, houve resposta para o uso de até 896 kg/ha de k2O.


Fonte: Rehagro   Autor: Renan Junqueira

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