quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro no ano de 2011


No ano de 2011, as exportações1 do Estado de São Paulo somaram US$ 59,91 bilhões (23,4% do total nacional), e as importações2, US$ 82,16 bilhões (36,3% do total nacional), registrando déficit de US$ 22,25 bilhões. Em relação ao ano de 2010, o valor das exportações paulistas cresceu 14,6% e o das importações, 21,2%, aumentando em 43,5% o déficit comercial (Figura 1). O aumento nas exportações paulistas (+14,6%), comparando-se os anos de 2011 e 2010, ficou abaixo do crescimento médio brasileiro (+26,8%). Nas importações também ocorreu menor acréscimo em São Paulo (+21,2%) do que no Brasil (+24,5%) revelando maior rigidez das aquisições externas paulistas. Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o déficit da balança comercial paulista aumentou (+43,5%), enquanto o superávit da brasileira apresentou expressivo incremento (+47,9%).


Figura 1 - Balança Comercial, Estado de São Paulo, 2010 e 2011.

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.



Os agronegócios paulistas apresentaram exportações crescentes (+14,4%) em 2011, atingindo US$ 23,11 bilhões, enquanto as importações cresceram 31,1%, somando US$ 10,57 bilhões, com saldo de US$ 12,54 bilhões, 3,3% superior que no ano de 2010 (Figura 2). Em função disso, há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios - somaram US$ 71,59 bilhões para exportações de US$ 36,80 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado, de US$ 34,79 bilhões no ano de 2011. Assim, conclui-se que o comércio exterior paulista seria bem mais deficitário não fosse o desempenho dos agronegócios estaduais.
 

Figura 2 - Balança Comercial dos Agronegócios, Estado de São Paulo, 2010 e 2011.

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.


Esses indicadores são menores quando se considera toda amplitude das transações setoriais, cujo saldo avança de US$ 12,14 bilhões em 2010 para US$ 12,54 bilhões em 2011. Apesar de esse resultado, o déficit na balança comercial de bens de capital e insumos aumentou de US$ 1,64 bilhão em 2010 para US$ 2,57 bilhões em 2011.

Os bens de capital e insumos são fundamentais para a modernidade da produção nacional, notadamente os fertilizantes nos quais têm elevada dependência externa. Entretanto, na maioria das vezes não são considerados nas análises do comércio exterior setorial, levando a saldos superestimados.
  


Os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios paulistas no ano de 2011 foram: cana e sacarídeas (US$ 10,34 bilhões), bovídeos – bovinos (US$ 2,83 bilhões), frutas (US$ 2,48 bilhões), produtos florestais (US$ 2,25 bilhões) e café e estimulantes (US$ 1,12 bilhão). Esses cinco agregados representam 82,30% das vendas externas setoriais paulistas.
  
Detalhando a balança comercial dos agronegócios paulistas, verifica-se que as cadeias de produção apresentaram saldos comerciais crescentes quando se compara o ano de 2010 (US$ 13,78 bilhões) com o de 2011 (US$ 15,11 bilhões).
Tiveram crescimento na comparação de 2011 com 2010, as exportações paulistas de fumo (+121,89%), olerícolas (+62,34%), café e estimulantes (+34,80%), cereais/leguminosas/oleaginosas (+31,82%), frutas (+30,77%), suínos e aves (+29,71%), agronegócios especiais (+15,42%), bens de capital e insumos (+14,84%), cana e sacarídeas (+11,22%), produtos florestais (+11,08%), bovídeos – bovinos (+3,77%), flores e ornamentais (+3,15%) e pescado (+1,71%). Houve redução apenas nos têxteis (-7,05%).
  

A participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado se manteve no mesmo percentual, enquanto a participação das importações aumentou em 1,0 ponto percentual, na comparação de 2010 e 2011 (Figura 3).
 


Figura 3 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Estado de São Paulo, 2010 e 2011.

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.



A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 29,80 bilhões no ano de 2011, com exportações de US$ 256,04 bilhões e importações de US$ 226,24 bilhões. Esse superávit que se mostra 47,9% maior do que em 2010, ocorreu em função do aumento nas exportações (+26,8%) superior ao das importações (+24,5%) (Figura 4).
 


Figura 4 - Balança Comercial, Brasil, 2010 e 2011.

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.



No ano de 2011, as exportações dos agronegócios brasileiros cresceram 23,8% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 98,94 bilhões (38,6% do total). Já as importações do setor aumentaram 40,2%, também em comparação com 2010, somando US$ 33,26 bilhões (14,7% do total). O superávit dos agronegócios no período foi de US$ 65,68 bilhões, 16,8% superior ao do ano anterior (Figura 5).

Portanto, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira, uma vez que os demais setores, com importações de US$ 192,98 bilhões e exportações de US$ 157,10 bilhões, produziram no período um déficit de US$ 35,88 bilhões.

 


Figura 5 - Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, 2010 e 2011.

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MD
 

 O detalhamento da balança comercial dos agronegócios brasileiros mostra que os saldos comerciais oriundos das transações externas das cadeias de produção aumentaram de US$ 62,69 bilhões no ano de 2010 para US$ 76,90 bilhões em 2011.

Esses valores são maiores que os resultados setoriais – US$ 56,22 bilhões em 2010 e US$ 65,68 bilhões em 2011 - em função do crescimento do déficit da balança comercial de bens de capital e insumos de US$ 6,47 bilhões em 2010 para US$ 11,22 bilhões em 2011 (Tabela 3), reflexo da dependência externa dos agronegócios brasileiros - notadamente importações de fertilizantes -, sendo que não considerar essas transações produz estimativas de saldos comerciais setoriais superestimados.

 
Em âmbito nacional, os seis principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios foram: cereais/leguminosas/oleaginosas (US$ 29,00 bilhões); cana e sacarídeas (US$16,48 bilhões), produtos florestais (US$ 9,97 bilhões), suínos e aves (US$ 9,66 bilhões), bovídeos - bovinos (US$ 9,33 bilhões) e café e estimulantes (US$ 9,23 bilhões). Essas cadeias totalizam 84,60% das vendas externas dos agronegócios brasileiros.
  

Tiveram crescimento as exportações brasileiras de olerícolas (+53,67%), café e estimulantes (+47,70%), cereais/leguminosas/ oleaginosas(+42,64%), têxteis (+41,49%), frutas (+23,93%),cana e sacarídeas (+19,24%), suínos e aves (+18,08%), bens de capital e insumos (+16,35%), agronegócios especiais (+9,34%), fumo (+6,26%), bovídeos – bovinos (+4,99%), produtos florestais (+4,32%), flores e ornamentais (+4,24%) e pescado (+2,00%) (Tabela 4).
  

As participações dos agronegócios nos totais do País recuaram 1,0 ponto percentual nas exportações e aumentaram 1,6 ponto percentual nas importações (Figura 6).
 
 


Figura 6 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Brasil, 2010 e 2011.

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.



A participação paulista no total da balança comercial brasileira caiu em termos das exportações (-2,5 pontos percentuais) e também no tocante às importações (-1,0 ponto percentual) (Figura 7).
 
 
Figura 7 - Participação da Balança Comercial Paulista no Total do Brasil, 2010 e 2011.

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações setoriais de São Paulo no ano de 2011 representaram 23,4%, ou seja, menos 1,9 ponto percentual do que em igual período de 2010, enquanto as importações representaram 31,8%, sendo 2,2 pontos percentuais inferior à verificada no ano anterior (Figura 8).
 
 
Figura 8 - Participação do Agronegócio Paulista no Brasileiro, Balança Comercial, 2010 e 2011.

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

No caso dos agronegócios brasileiros, com menor perfil de agregação de valor em relação a São Paulo, o maior aumento também foi dos básicos (+31,89%), seguidos dos produtos semimanufaturados (+19,55%) e dos manufaturados (+10,28%). Os produtos básicos, totalizando US$ 55,42 bilhões no ano de 2011, mostram a maior participação nas vendas externas setoriais nacionais (56,01%).

Esses indicadores mostram as diferenças estruturais dos agronegócios paulistas no contexto nacional, uma vez que 56,01% do valor das exportações brasileiras dos agronegócios no ano de 2011 corresponderam a produtos básicos. Em São Paulo, os produtos básicos representam apenas 18,99% e a participação de produtos industrializados dos agronegócios se mostra muito maior (81,01%), evidenciando índices superiores de agregação de valor.
  

A quantidade exportada de produtos dos agronegócios brasileiros praticamente se mante (-0,1%) no ano de 2011, quando comparada com 2010, enquanto a quantidade exportada pelo Estado de São Paulo recuou 9,8%. Os preços dos produtos exportados pelos agronegócios cresceram 23,8% em nível nacional e 26,9% no âmbito de São Paulo.
  
 Nas exportações dos agronegócios paulistas, quando se compara os resultados para 2010 e 2011, os produtos básicos apresentaram maior aumento (+22,61%), seguidos dos produtos manufaturados (14,60%) e dos semimanufaturados (+9,92%). Os produtos manufaturados apresentam a maior participação nas vendas externas (48,08%) totalizando US$ 11,10 bilhões no ano de 2011.
Entre as categorias de uso, observa-se que matérias-primas e produtos intermediários foi o grupo predominante no ano de 2011, representando 67,81% do valor total de exportações nacionais de mercadorias dos agronegócios. No caso do Estado de São Paulo, esse grupo tem participação que, embora menor (57,48% do valor total), se mostra superior à de bens de consumo (39,01%).


Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
 

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