O Pinhão Manso (Jatropha curcas L.) é uma Euforbiaceae da América Central, preconizada para o biodiesel porque seus grãos têm elevado teor de óleo e não se presta à alimentação humana.
Adaptado às diferentes regiões tropicais, seu zoneamento agroecológico ainda é incerto. A suscetibilidade às pragas e doenças e a variabilidade genética, também, são considerados fatores limitantes ao cultivo em larga escala.
A integração lavoura-pecuária com foco na bioenergia, em regiões onde a pecuária está decadente, proporciona diversidade de renda (Macedo, 2000), protege o solo contra a erosão, recicla nutrientes e conserva a umidade do solo, além do sombreamento para o bem estar animal (Paes Leme et al 2008; Boddey et al, 2004).
Esse trabalho contém registros do comportamento do Pinhão Manso nos primeiros anos após plantio, sob diferentes espaçamentos em um sistema de integração lavoura-pecuária, em Taubaté – SP (Figura 1).

Autores:
Figura 1. Bovinos em pastejo consorciado com pinhão manso, Taubaté-SP
Resultados e Conclusão
Em Nov/06 um produtor rural realizou o plantio de Pinhão Manso em Taubaté – SP em sistema integrado com bovinos em pastagem já estabelecida (Brachiaria brizantha + Calopogonio muconoides) nos espaçamentos 4,0 x 4,0 m ; 4,0 x 5,0 m e 5,0 x 5,0 m.
Já no primeiro ano da pesquisa diagnosticou-se problemas associados à baixa fertilidade do solo, sendo realizada calagem em área total em superfície com 2,5 t/ha de calcáreo dolomítico, e adubações de cobertura do Pinhão Manso nos anos de 2008 e 2009 com (kg/ha): 40-40-30, e 4,0 ZnSO4 e MnSO4, e 2009: 30-6,0-21 de N-P2O5-K2O respectivamente. Tratos culturais consistiram de coroamento a enxada, aplicação de Bovenat PM para o controle de ácaro branco (Polytarsonemus lathus) e formicida para formiga saúva (Atta sp.).
Avaliou-se o crescimento do Pinhão Manso aferindo-se a altura, diâmetro do colo (estimado através do perímetro do(s) ramo(s) ao nível do solo), e número de brotações nas épocas: 1= setembro/08; 2= mar/09; 3= maio/09; 4=julho/09, 5= out/09 e 6=maio/2010.
Determinou-se a produtividade da pastagem cortando-se as espécies forrageiras rente ao solo em 1,0 m² de área delimitada com moldura de canos de PVC (gabarito), que foi lançada ao acaso por três vezes/tratamento, determinado-se a massa fresca (MF) e seca (MS) após a secagem em estufa regulada a 65ºC até massa constante.
Houve diferenças estatísticas entre os espaçamentos x épocas de avaliações. (Fig. 2). O incremento na altura das plantas de Pinhão Manso após a adubação e a calagem, demonstrando o caráter responsivo da espécie, principalmente porque a qualidade química do solo estava abaixo do ideal para a maioria das culturas agrícolas convencionais.
Gráfico 1. Altura do Pinhão Manso

No Brasil, é comum estabelecerem pastagens em solos ácidos e de baixa fertilidade natural, o que reduz a produtividade de forragem, comprometendo a produção animal, aumentando os custos de produção e a degradação do ambiente, sendo um dos principais entraves à sustentabilidade dos sistemas de produção animal a pasto, aliados à falta de adubação e reposição de nutrientes como do N (Boddey et al., 2004).

Com relação ao número de brotações, as plantas apresentaram a mesma tendência de ramificação (Fig. 4). O crescimento do pinhão manso se dá de forma modular em progressão geométrica. Ou seja, a partir de cada inflorescência surgem dois novos ramos (Dias et al., 2007) e assim sucessivamente.
Gráfico 3. Número de brotações em Pinhão Manso

Segundo Tominaga apud Carvalho et al. (2009), a dinâmica de formação de ramos produtivos por safra, na região mineira, partindo-se de cinco ramos no primeiro ano, aumenta para 10 ramos no 2º ano, 28 no 3º e 78 no 4º ano, na primeira florada do ano. Em locais onde as condições climáticas são favoráveis permitindo mais de uma florada/ano, o número de ramos pode chegar ao final do 4º ano em 153.
Os aporte de matéria fresca e seca oriundos da pastagem ao sistema encontram-se na tabela 1. O maior aporte no ano 2008 deu-se devido ao período sem pastejo. No espaçamento reduzido, cuja densidade de Pinhão Manso é maior, possivelmente houve o sombreamento e a competição inter-específica, explicando a reduzida biomassa da forrageira.
Tabela 1. Produção de massa fresca (MF) e massa seca (MS) fornecida pela pastagem nos diferentes espaçamentos testados.

Considerações Finais
Não houve diferença, entre os espaçamentos testados para os descritores agronômicos avaliados nos primeiros anos após cultivo.
É sabido na literatura que o pinhão manso é uma espécie sensível a solos com camadas adensadas, e na situação da pesquisa, onde o pinhão manso esteve consorciado com pasto, a presença de animais corroborou para aumentar a compactação dos solos. Nessa situação o pinhão manso apresentou baixo desenvolvimento, sugerindo necessidade de estudos em outros sistemas de produção
O Pinhão Manso paralisou o crescimento no inverno (épocas 3 e 4), desenvolvendo hábito caducifólio, armazenando fotoassimilados para a rebrota no início do período chuvoso (época 5) (Holl et al, 2007). A estatura média das plantas (0,83m), em comparação a outros plantios de mesma idade nesta mesma região, e com mudas de mesma origem (2,37m – área1 e 1,45m – área 2), pode ser considerada baixa.
As pastagens sofrem mais compactação, devido ao pisoteio dos animais, por outro lado, o Pinhão Manso é sensível à compactação do solo, sendo, possível que problemas dessa natureza e à baixa fertilidade tenham limitado mais o desenvolvimento da cultura no local.
Cristina Maria de Castro
PqC do Pólo Regional Vale do Paraíba/APTA
Antonio Carlos P. Devide
PqC do Pólo Regional Vale do Paraíba/APTA
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