As altas acumuladas nos preços internacionais da soja e do milho tornaram o feijão menos atraente ao produtor de grãos. A tendência é de redução no cultivo do alimento, prato obrigatório na mesa dos brasileiros. Os preços pagos aos agricultores são considerados desestimulantes. O início do plantio da primeira safra da temporada 2011/12 no Paraná – maior produtor nacional da leguminosa – confirma essa previsão, lançada nos últimos dias pelos analistas.
O produtor Marcos Colaço, de Engenheiro Beltrão (Centro-Oeste), acaba de registrar quebra de 40% na terceira safra 2010/11 por causa das geadas de junho e julho e planeja reduzir o cultivo. Essa decisão, relata, não é só desânimo. Estaria fortemente ligada aos preços.
O produtor Marcos Colaço, de Engenheiro Beltrão (Centro-Oeste), acaba de registrar quebra de 40% na terceira safra 2010/11 por causa das geadas de junho e julho e planeja reduzir o cultivo. Essa decisão, relata, não é só desânimo.
Abastecimento (Seab). Além disso, o preço mínimo, controlado pelo governo federal, foi reduzido de R$ 80 para R$ 72 a saca para 2011/12, o que indica que os programas de apoio ao setor serão menos vantajosos.
Importação tende a crescer
Os estoques estariam justos em regiões do país como a Bahia, segundo o Instituto Brasileiro de Feijão e Legumes (Ibrafe). Mesmo num ano de produção nacional 12,5% maior (3,74 milhões de toneladas), o suprimento aos baianos vem sendo complementado com a colheita de outras regiões devido à seca e às enxurradas que atingiram lavouras do Nordeste, informa a organização.
A importação de feijão preto virou regra e se sustenta no fato de os distribuidores estarem pagando por produto trazido da China aproximadamente o mesmo valor do brasileiro. Por outro lado, a avaliação do Ibrafe é de que, na próxima temporada, a China – a exemplo do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos – também deverá produzir mais soja e, para isso, tende a usar áreas que eram destinadas à leguminosa.
Apesar dos indícios de que o consumo per capita brasileiro de feijão está caindo – segue em 17,5 quilos por habitante ao ano –, o país ainda precisa de 3,55 milhões de toneladas anuais para abastecer o mercado interno. A Conab vem ampliando esse volume em 50 mil toneladas ao ano, considerando o crescimento populacional.
Dos 190 hectares que Colaço destinava à cultura, apenas 70 devem continuar recebendo sementes da leguminosa. Os produtores do estado plantam feijão três vezes ao ano. A safra que começa a ser plantada agora – a principal delas, conhecida como safra das águas – cobre até 340 mil hectares e, normalmente, rende mais de 500 mil toneladas, volume que pode não ser alcançado nos próximos meses.
“A compra de sementes e insumos caiu a 60% do volume considerado normal”, argumenta o especialista.
O Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), órgão ligado à Seab que faz o levantamento mais completo sobre a safra de feijão do estado, ainda apura o tamanho das plantações que competem com soja e milho. “Devemos chegar a uma estimativa na próxima semana”, afirma o agrônomo Carlos A. Salvador. Neste momento, as cotações abaixo das esperadas e a redução do preço mínimo norteiam o setor, considera.
As perdas registradas no feijão na segunda e terceira safras no Paraná somam 20 mil toneladas (7%), na comparação com o ano anterior. Se a próxima safra for reduzida em 20%, a produção deve cair 106 mil toneladas, considerando as 533 mil alcançadas no mesmo período do ciclo 2010/11.
“No verão, muitos agricultores ou plantam feijão ou soja e milho. As cotações dessas commodities chamam muito a atenção do produtor”, aponta Lüders. A saca de soja para entrega em março de 2012 está cotada a R$ 50. Um ano atrás, essa cotação era de R$ 35/saca (base Chicago).
“O médio e o grande produtor vão plantar soja e milho onde puderem. O pequeno produtor está desanimado e também pode recuar”, acrescenta.
Fonte: Gazeta do Povo
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