sábado, 18 de dezembro de 2010

Entendendo Sobre Nutriente na Alimentação Bovina ( 2° parte )




Capim elefante - Silagem

Composição Básica:
- MS: Menor que 20%, pode ser maior se for aditivada com produtos de alta MS.
- NDT: entre 56(bom) e 50% (ruim)
- FDN: entre 60 (muito boa) e 85% (ruim)
- PB: entre 2 e 12% (é um parâmetro importante nesse alimento)


Vantagens:

- Alta produção por ha ( até 40 ton/MS)
- Cultura simples
- Risco baixo
- Cultura perene
- Baixo investimento em máquinas
- O Brasil tem cultura de cultivo de capineira
- Permite estocar o capim produzido no verão para uso no inverno


Desvantagens:

- Custo por Kg de MS pode ser alto (baixo teor de MS, operações de ensilagem, aditivos)
- Baixo nível de energia
- Alto teor de fibra
- Baixa ensilabilidade (baixo teor de carboidratos solúveis e alta umidade)
- Silagem pode ter baixa palatabilidade (baixo consumo)
- Como tem alta fibra e baixa energia pode demandar alta inclusão de concentrado na dieta.


Como produzir com alta qualidade:

- Condução agronômica correta
- Colher no ponto certo, sempre no verão
- Colocar aditivos para aumentar MS do material
- Ensilar corretamente (compactar e vedar bem o silo)
- Por ter alta fibra nunca é um material de muito alta qualidade


Quando usar:

- Interessante em sistemas de baixa mecanização (perene)
- Pode ser opção em sistemas que busquem altas produções por área
- Não deve ser usada em sistema que busquem máxima produção por vaca (qualidade baixa)
- Vacas com exigência de energia baixa ou média
- Deve-se ponderar se para o inverno cana-de-açúcar não é melhor opção

Pasto com gramíneas (Capim elefante, panicum, cynodon)

Composição Básica:

- MS: Menor que 20%
- NDT: entre 64(bom) e 50% (ruim)
- FDN: entre 53 (muito bom) e 75% (ruim)
- PB: entre 8 e 19% (é um parâmetro importante nesse alimento)


Vantagens:

- Alta produção por ha (até 10 UA por ha)
- Cultura simples
- Risco baixo
- Cultura perene
- Baixo investimento em máquinas
- Elimina custos de colheita (o animal colhe)
- Material ingerido é rico em PB


Desvantagens:

- Material consumido é rico em fibra
- Nas condições brasileiras só é viável no máximo 200 dias por ano sem irrigação, com irrigação depende da região
- É necessário desenvolver cultura de manejo do pasto
- Pode ser complicado para manejar grandes rebanhos
- O animal gasta energia se deslocando
- Vacas muito especializadas podem ter dificuldade de adaptação


Como produzir com alta qualidade:

- Escolha de um bom capim
- Plantio com técnica adequada
- Fazer pastejo rotacionado
- Colocar lotação adequada (nem maior, nem menor)
- Adubar corretamente
- Respeitar período de descanso apropriado para cada capim


Quando usar:
- Interessante em sistemas de baixa mecanização (perene)
- Pode ser opção em sistemas que busquem altas produções por área
- Não deve ser usado em sistema que busquem máxima produção por vaca
- Vacas com exigência de energia baixa ou média
- A equipe deve estar preparada para fazer um bom manejo
- Pode ser opção para reduzir investimento em instalações


A utilização de subprodutos da indústria alimentícia pode ser uma alternativa importante para a redução do custo alimentar. Nesse caso é fundamental o conhecimento dos conceitos de balanceamento, para que não haja perda em desempenho. Além disso, é preciso conhecer o preço relativo dos nutriente para que sua inclusão seja econômica.
Segue abaixo uma descrição sucinta de alguns dos principais alimentos utilizados em dietas para vacas leiteiras: 

Concentrados energéticos

Milho grão

Composição Básica:
- MS: 85 a 88%
- NDT: entre 85 e 88%
- FDN: 9,5%
- PB: 8 a 10%

" O milho é considerado o alimento energético padrão e possui elevado teor de amido. Como descrito acima, possui um baixo teor de proteína e é um alimento pobre em lisina. Nos últimos anos o mercado de milho tem sido muito influenciado pelo mercado internacional provocando certa variabilidade nos preços. Uma das alternativas é a produção própria de milho armazenado na forma de grão úmido. Sua utilização na dieta deve ser sempre comparada com outras fontes de energia como a polpa cítrica e o sorgo.

Sorgo grão

Composição Básica:
- MS: 85 a 88%
- NDT: entre 80 e 81%
- FDN: 9,5%
- PB: 8 a 10%

" O sorgo também é fonte de amido, no entanto a disponibilidade do amido do sorgo é menor quando comparado ao milho. Sua utilização na dieta deve ser comparada ao milho, considerando essa diferença quanto a utilização do amido.


Concentrados protéicos

Farelo de soja

Composição Básica:
- MS: 85 a 87%
- NDT: 88%
- FDN:  21,7% (fibra de alta qualidade)
- PB: 58 a 51%

" A soja é considerada o alimento protéico padrão e possui proteína de grande valor biológico, apesar do baixo teor de metionina. O mercado de soja é muito influenciado pelo mercado internacional e as oscilações de preço principalmente na entressafra elevam bastante o custo alimentar. Apesar de existirem outras fontes protéicas, como por exemplo o farelo de algodão, geralmente o preço desses produtos acompanham a alta da soja. A substituição integral da soja pode ser inviabilizada pela baixa qualidade da fibra e da proteína do farelo de algodão, principalmente em rebanhos mais produtivos, porém, devemos estar atento ao custo/benefício da substituição em rebanhos de menor produtividade.

Soja grão

Composição Básica:
- MS: 90%
- NDT: 101%
- FDN:  19,5%, fibra de alta qualidade
- PB: 39%

" É fonte de proteína, energia e óleo das dietas. A soja grão pode ser usada crua para animais adultos sem nenhum problema. O limitante nesse caso será somente o nível de óleo da dieta. Para melhor aproveitamento pelo animal, a soja grão deve ser quebrada (passar nos martelos, sem peneira). Como é rica em óleo não deve ficar estocada por muitos dias depois de quebrada para evitar rancificação. A tostagem, embora não seja obrigatória, pode aumentar teor de proteína não degradável.

Farelo de algodão 38%

Composição Básica:
- MS: 87 a 90%
- NDT: 68%
- FDN:  31%, fibra de baixa qualidade
- PB: 41 a 42%

Como usar:
- Direto na dieta ou como componente de uma ração. É fonte importante de proteína, porém,  mais pobre em energia.

Quando usar:
- Em dietas em que se tenha necessidade de complementar proteína. Comparar viabilidade com farelo de soja, uréia e caroço de algodão.

Farelo de algodão 28%

Composição Básica:
- MS: 87 a 90%
- NDT: 62%
- FDN:  40%, fibra de baixa qualidade
- PB: 31 a 32%

" É rico em fibra de baixa qualidade. É um alimento pobre em energia e médio em proteína. Deve-se tomar cuidado de verificar a real viabilidade de seu uso. Comparar viabilidade com farelo de soja, farelo de algodão 38%, uréia e caroço de algodão. Para ser viável, deve estar muito barato

Glúten de milho (glutenose, protenose)

Composição Básica:
- MS: 86 a 90%
- NDT: 84,4%
- FDN: 11%
- PB: 65%

" É uma fonte de proteína com alta degradabilidade ruminal e com perfil de aminácidos ruim. Normalmente,  o alto custo inviabiliza sua utilização

Farelo de amendoim

Composição Básica:
- MS: 90 a 92%
- NDT: 75%
- FDN:  21,4%
- PB: 51,8%

" O farelo de amendoim é um produto com grande predisposição a apresentar altos teores de aflatoxina. Quando utilizar, certifique-se de que o produto tem níveis aceitáveis. Além disso, é rico em proteína degradável.

Farelo de girassol

Composição Básica:
- MS: 90 a 92%
- NDT: 60,0%
- FDN:  40%, fibra de baixa qualidade
- PB: 28,4%

"  É um produto de baixa qualidade protéica e de baixa qualidade de fibra. Normalmente este produto não é incluído nas formulações de custo mínimo.

Uréia

Composição Básica:
- MS: 99%
- NDT: zero
- FDN:  zero
- PB: 281%

" É uma fonte de N de baixíssimo custo, quando comparada a outros suplementos ricos nesse elemento. A uréia é fonte de N não protéico e será convertida em proteína pela flora ruminal. Quando utilizada em grandes quantidades, o animal deve passar por adaptação e os níveis utilizados não devem ultrapassar o limite de toxicidade.

Subprodutos

Caroço de algodão

Composição Básica:
- MS: 87 a 92%
- NDT: 77%
- FDN: 50,3%.
- PB: 23,5%

" A utilização de caroço na dieta está relacionada ao preço relativo da proteína e/ou opção nutricional por uma fonte de gordura na dieta. O caroço tem um mercado bem definido de acordo com a safra, havendo necessidade de estocagem na entrassafra. Uma desvantagem do mercado de caroço de algodão é que os pagamentos devem ser feitos à vista. É um excelente subproduto para a alimentação de vacas. Não tem fator anti-nutricional para ruminates, sendo seu único limitante o alto nível de óleo. A dieta da vaca não deve ter mais de 6% de lipídeos na MS. Normalmente, a inclusão de até 3 Kg de caroço não ultrapassa esse limite.

Polpa cítrica

Composição Básica:
- MS: 86 a 90%
- NDT: 79,8%
- FDN:  24,2%.
- PB: 6,9%

" a polpa de citrus é uma opção bastante interessante pois pode substituir o milho em cerca de 85% a um preço 10% menor. O mercado de polpa é definido de acordo com a safra de laranja (maio a novembro), portanto é necessária uma programação de estoque na entressafra. É fonte importante de energia e fibra das dietas. É um excelente subproduto para a alimentação de vacas e não tem fator anti-nutricional. A polpa cítrica é rica em pectina, um carboidrato altamente digestível.

Farelo de glútem de milho (refinasil ou promil)

Composição Básica:
- MS: 88 a 90%
- NDT: 74,1%
- FDN: 35,5%.
- PB: 23,5%

" É um produto com alto teor de fibra de baixa qualidade e proteína altamente degradável. Normalmente não é incluído nas formulações de custo mínimo nos preços encontrados no mercado.

Casquinha de soja

Composição Básica:
- MS: 90%
- NDT: 67%
- FDN: 60%.
- PB: 13,9%

" Pode ser uma fonte importante de energia e de fibra nas dietas. É um excelente subproduto para a alimentação de vacas e não tem fator anti-nutricional. A casquinha de soja possui fibra de excelente qualidade.




Fonte : Ricardo Peixoto de Melo, Médico Veterinário, Equipe Rehagro

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