quinta-feira, 11 de novembro de 2010

INTOXICAÇÃO POR URÉIA

Definição
 
É um processo agudo de intoxicação, causada pelo consumo de uréia por animais não adaptados ou em grandes quantidades no caso de animais já adaptados, que se caracteriza por incoordenação motora, tremores musculares, colapso e morte. 
 
Etiologia
 
A uréia é utilizada como fonte protéica de baixo custo na produção de rações para bovinos confinados e também como fator de incentivo ao consumo de forragens volumosas de baixa qualidade. A toxidez da uréia é mais freqüente quando esta é fornecida em grandes quantidades ou devido à falta de homogeneidade da mistura. Outros fatores que podem contribuir para a intoxicação são a deficiência de carboidratos digestíveis na ração, a baixa qualidade da forragem consumida ou debilidade orgânica do animal por fraqueza ou jejum (Vilela & Silvestre, 1984).
 
Patogenia
 
A uréia quando alcança o rúmen sofre ação da urease e é então desdobrada em amônia e dióxido de carbono, sendo a amônia utilizada como fonte de nitrogênio para síntese de proteínas pelos microorganismos ruminais.
A maioria dos autores acredita que o mecanismo de intoxicação aguda em ruminantes seja decorrente do excesso de amônia absorvido que excede a capacidade detoxicadora do fígado e tamponante do sangue. Isto ocorre principalmente em pH elevado, devido à grande quantidade de amônia presente, quando há então aumento da permeabilidade da parede ruminal. Alguns autores acreditam que o verdadeiro causador da intoxicação seja o ácido oxálico, que é liberado pelo carbamato de amônia, após certas reações em pH elevado.
A quantidade de uréia necessária para provocar o quadro de intoxicação depende de diversos fatores, principalmente velocidade de ingestão, pH do rúmen e grau de adaptação do animal. Geralmente, níveis de 0,45 a 0,50 g de uréia/kg PV, ingeridos num curto espaço de tempo, provocam intoxicação em animais não adaptados (Bartley et al., 1976).
 
Sintomas Clínicos
 
Na maior parte dos casos, os sintomas se iniciam 20 a 30 minutos após a ingestão da uréia, podendo, em alguns animais, este período se prolongar em até uma hora. Apatia, tremores musculares e da pele, salivação excessiva, micção e defecação freqüentes, respiração acelerada, incoordenação, dores abdominais, enrijecimento dos membros anteriores, prostração, tetania, convulsões, colapso circulatório, asfixia e morte são os sinais clínicos da intoxicação. Pode ocorrer timpanismo em alguns casos.
 
Achados de Necropsia
 
Podem ser observadas irritação excessiva do rúmen, cheiro de amônia, congestão e edema pulmonar, hemorragias endo e epicárdicas, abomasite leve, congestão e degeneração do rim e fígado.
 
Diagnóstico
 
Deve se basear nos sintomas acima descritos e no histórico de alimentação recente com uréia.
 
Tratamento
 
O tratamento deve ser feito rapidamente, através do uso de ácidos fracos (vinagre ou ácido acético a 5%,VO, 3 a 6 l/an. adulto, a cada 6 ou 8 horas) que além de baixar o pH, diminuindo a hidrólise da uréia, formam compostos com a amônia (acetato de amônia), reduzindo assim sua absorção. Devem ser tomados os devidos cuidados para se evitar uma possível falsa via, ao se forçar a ingestão, se possível utilizar sonda oroesofágica. Bartley et al. (1976) afirmam que o esvaziamento do rúmen, através de abertura cirúrgica na fossa paralombar, mostrou-se superior ao ácido acético para o tratamento de casos experimentais de intoxicação por uréia. A água gelada em grandes quantidades (20-40 l/animal) também pode ser usada para reduzir a temperatura ruminal e diminuir a ureálise. Outros medicamentos poderão ser usados para alívio dos sintomas, tais como, soluções de cálcio e magnésio, soluções de glicose e laxativos.
 
Prevenção

A adoção de um correto esquema de adaptação gradual do animal a dietas com uréia, assim como uma correta h
omogeneização da mistura são as medidas mais indicadas para a prevenção do problema. Recomenda-se um período de adaptação de duas a quatro semanas, em função do nível e forma de fornecimento da uréia. O total de uréia não deve exceder a 3% do concentrado ou 1% da matéria seca da ração. Animais que ficam mais de três dias sem receber uréia, devem passar por um novo período de adaptação, visto que a tolerância é perdida rapidamente pelo fígado (biossíntese de uréia a níveis desejados). Animais em jejum, fracos ou com dietas pobres em proteína e energia também são mais susceptíveis.
A uréia não apresenta efeitos residuais no organismo (Vilela & Silvestre, 1984).


Fonte: CNPGC EMBRAPA

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